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VLT cria expectativa entre os moradores do Subúrbio

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VLT cria expectativa entre os moradores do Subúrbio
Foto: Romildo de Jesus

Ao longo da Avenida São Luís, no bairro de Paripe, no  Subúrbio Ferroviário de Salvador, existe uma expectativa quanto às obras do VLT (Veículo leve sobre Trilhos), previstas para serem iniciadas a partir do próximo ano.


Dezenas de famílias vivem dias de incerteza. Em alguns casos, como o do motorista Sérgio Simões, o imóvel está sendo colocado à venda. “Quem comprar não terá problemas, pois há 15 anos que ouço que vem o trem e nunca veio”, disse.


A Secretaria de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Sedur), disse, em nota, que até o final deste ano o Governo do Estado deverá anunciar  a Consulta Pública para uma parceria Público-Privada (PPP) destinada à construção e operação do VLT, cujos investimentos estão em torno de R$ 1,5 bilhão. A previsão é de início das obras em até 90 dias após a assinatura do contrato, com prazo para conclusão de 36 meses.


Ainda de acordo com a Sedur, o Estado deverá apresentar o projeto, totalizando 18,5 quilômetros de extensão e 21 estações, com uma projeção do sistema que irá beneficiar mais de 1,5 milhão de moradores do Subúrbio Ferroviário de Salvador, que será ampliado, chegando ao Terminal da França, no bairro do Comércio.


Os usuários do VLT estarão integrados às linhas 1 e 2 do metrô (Lapa/Pirajá e Acesso Norte/Aeroporto), e aos roteiros do BRT (Transporte Rápido por Ônibus) metropolitano. A linha 2 do metrô deverá estar concluída no final do próximo ano e o BRT ainda não há projeção de data.


Desapropriações


No último mês de setembro, o Governo do Estado apresentou o projeto do VLT à Câmara dos vereadores de Salvador. Na audiência, técnicos da Casa Civil do Governo do Estado não apresentaram um prazos definidos para as desapropriações, mas admitiram que as famílias que serão desapropriadas de suas casas deverão ser transferidas para outras moradias adquiridas na região, assim como à outras residências do programa Minha Casa, Minha Vida.


A audiência na Câmara dos Vereadores foi organizada pela Comissão de Planejamento Urbano e Meio Ambiente, presidida pelo vereador Arnando Lessa (PT).


Para quem mora no local, contudo, a falta de informações precisas tem sido o maior obstáculo para dar tranquilidade às famílias. “Moro aqui há mais de 30 anos e não sabemos o que vaio acontecer”, diz o morador  Alfredo Santos Duarte, 63 anos, que recebeu a notificação de que não poderia edificar quaisquer novas obras na sua residência, sob pena de vir a ser demolida.


E foi o que aconteceu com o muro defronte à casa de Ana Lice Araujo. “Vieram aqui e simplesmente derrubaram a obra”, disse, meio assustada. Ela comprou a casa há pouco mais de um ano e só agora ficou sabendo que a mesma poderá vir a ser demolida por causa das obras do VLT.


Indiferente aos riscos de ter o seu imóvel demolido para a passagem do VLT, o comerciante, Manoel Lima Oliveira tem seu imóvel sobre o antigo leito da ferrovia e não acredita em desapropriação. “Já vêm anunciando isso aqui desde a década de 90 e nada fizeram”, resume.
Atualmente, a malha ferroviária que liga Paripe à Calçada é de 13,6 quilômetros. Com o projeto do VLT, e a expansão até o Comércio e a localidade de São Luis,na entrada para São Thomé de Paripe, serão acrescentados 4,9quilômetros.


Atualmente o sistema funciona com 10 estações, que serão desativadas e transformadas em equipamentos comunitários, como postos da Polícia Militar e centros de atendimento.
O projeto prevê intervenções em duas fases. A primeira, entre o Comércio e Plataforma, com 9,4 quilômetros, e a segunda, entre Plataforma e São Luiz, com 9 quilômetros de extensão


Sistema de trens é obsoleto


As viagens entre Paripe e Calçada, feita pelos atuais trens da Companhia de Transportes do Estado da Bahia, duram em média 30 minutos para percorrer 13,5 quilômetros, em intervalos de 45 minutos entre uma viagem e outra.


Sem condições de tráfego, o sistema frequentemente é interrompido por problemas nas vias e em decorrente disso, o número de passageiros foi reduzido praticamente à metade, quando comparado com o mesmo período do ano anterior.


Os números da CTB revelam que em outubro deste ano os trens do subúrbio transportaram 244.680 passageiros, com uma média diária de 8,1 mil passageiros.


No mesmo período do ano passado a média de passageiros diariamente transportada era de 19,6 mil, com um total no mês de 328.962 passageiros transportados. Nem mesmo o preço da tarifa, R$ 0,50, seis vezes mais barata que a dos ônibus, consegue atrair mais passageiros. 


Hoje a grande maioria dos passageiros que se utilizam do trem o faz no percurso de um bairro a outro no Subúrbio ferroviário, ou de estudantes da Península de Itapagipe, que fazem o transbordo para as lanchas que ligam o bairro de Plataforma à Ribeira.


Com a decadência das atividades comerciais no bairro da Calçada, fim de linha dos trens, estes deixaram de ser o meio de ligação para quem mora no subúrbio para o centro da cidade, e por isso mesmo o transporte só funciona das seis às 20 horas e não funciona aos domingos.


Os atuais trens do Subúrbio ferroviário de Salvador têm mais de 50 anos de uso. Alguns vagões e locomotivas foram remodelados na década de 90, com o fim da antiga Rede ferroviária Federal (RFFSA) e o sistema passou a ser operado pela Companhia Brasileira de Trans Urbanos (CBTU), até ser posteriormente repassado  para Prefeitura de Salvador.
Com o advento do metrô, o sistema passou a ser administrado pelo Governo do Estado, quando então se definiu pela implantação do VLT.


Obra terá duração de três anos


O traçado, atual de 13,5 quilômetros, será estendendo por mais cinco quilômetros, até o Comércio, e até São Thomé de Paripe, na localidade de São Luís. As obras do futuro VLT (veículo leve sobre Trilho), será feita em 36 meses, divididas em duas etapas.


Comércio a Calçada – O traçado se desenvolverá no centro da via, com largura de 8,0 metros. Serão mantidas e/ou aprimoradas todas as intersecções existentes. Como o equipamento será instalado em plataforma, com altura de 20 centímetros, as intersecções se darão em nível
Calçada a São Luiz –Inicia-se no Pátio da Estação da Calçada, percorrendo um trecho de 14,9 km ao longo da Região Suburbana, sobre uma via permanente existente. Não se modificou nada do traçado existente há mais de cem anos. Trata-se de um corredor ferroviário linear, no sentido longitudinal com poucas interseções de acessibilidade.


Estações – As novas estações serão em modelos mais atuais e modernos implantados mundialmente. Serão compostas por uma plataforma elevada, cerca de 30 centímetros acima do piso da via permanente, dotadas de todos os elementos indicados na legislação nacional, para promoção de acessibilidade universal. As paradas terão o comprimento entre 60 e 80 metros para comportar uma composição, de até  sete carros.


1ª Etapa – Trecho terá 9,4 quilômetros, entre o Comércio e o bairro de Plataforma. Serão feitas requalificação e modernização de infraestrutura existente e construções de novas estações, um Pátio de Manutenção na atual Estação da Calçada.


2ª Etapa – As intervenções serão feitas  entre o bairro de Plataforma e a localidade de São Luís, com 9,1 quilômetros de extensão.. Serão realizadas a  requalificação e modernização de infraestrutura do atual traçado e modernização das atuais estações.